sábado, 31 de outubro de 2015

Deixe-me partir

Deixe-me partir,

encontrar luz ou escuridão,
vácuo ou imensidão,

segure minha mão enquanto parto
e por favor,
quando  eu já estiver longe solte-a 
Segure outras mãos,
hoje outros também partirão
e quando já estiverem longe

solte suas mãos

Depois deite 

e lembre-se das poucas vezes que fizestes cafuné em diferentes cabeças,
lembre-se das vezes em que contemplou diferentes sorrisos,
diferentes tempos,
diferente gestos,
Lembre-se também das mãos que passarm pelo teu corpo,
lembre-se dos carinhos
Talvez amanhã você partirá.
Peça para alguém segurar tua mão enquanto partes
e quando estiver longe peça para que solte-a.

Só deixe-me partir,
segure minha mão 
e por favor,
quando eu já estiver longe solte-a.



quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Um minuto da sua atenção

Um minuto da sua atenção
pra eu não dizer tudo aquilo que tenho vontade
pra não compartilhar todas minhas insanidades
Sente-se, fique á vontade,
se der fique até tarde

Um minuto pra trancar o coração,
um minuto pra abrir a mente,
dou espaço pra razão,
teimosia reina aqui,
insiste em dizer que não...
Por favor humanidade, um minuto da sua atenção

Vocabulário simples pra explicar o nada que me preenche,
Sem dúvidas o vazio mais cheio que habita em mim
Peço por favor só mais um minuto,
peço mais um minuto por que quero dizer sim
mas não hoje...

Um minuto da sua atenção
pra mim não dizer tudo aquilo que tenho vontade
pra não compartilhar todas minhas insanidades
Sente-se, fique á vontade,
se der fique até tarde

quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Minha melhor amiga



Eu percebi que se tornaria
minha melhor amiga,
Percebi que se tornaria minha melhor amiga
na medida em que você escorria pelo meu corpo
e levava todas as dores e angústias 
Quando me abraça, me conforta 
efeito travesseiro astronauta que te engole até você sumir
e sumia mesmo
sumia meus medos, minhas inseguranças
o tédio, o desconforto presente no peito
desde sempre
Mas isso passa, sempre passa
Você para de escorrer e
corre
corre para o chão, fazendo uma curva sinuosa 
até chegar o ralo
onde deságua com tudo
medos
inseguranças
tédio
e o desconforto infinito
Mas volta, sempre volta...
Em alguns momentos você foi solução,
em tantos outros nos encontramos,
juntas
estirada no não
E por mais que estivesse claro, 
eu ali só sentia escuridão
Mas isso passa, sempre passa...
Mas volta, sempre volta...

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Sou uma taça




Sou uma taça,
daquelas que chamam de cristal
que compram para beber aquele vinho vagabundo
e passo meses empoeirada no fundo do armário
Sou taça usada de diferentes bocas e sabores
Sou a taça que quando quebrar ouvirá lamentos,
"parecia resistente", e ouvirá os "mas", 
"mas durou muito".
Talvez contem histórias sobre mim,
e talvez eu seja só mais uma taça empoeirada no fundo dos armários 
Só talvez...

sábado, 3 de outubro de 2015

Algo que me pertence

Não obrigada.
Vi um homem vendendo amor,
uma moça querendo comprar
Vender amor.

Vender algo que um dia já foi meu
não compro,
não faço empréstimo,
não parcelo em 12x no cartão
sem juros...
Passo na vitrine, enamoro-me no reflexo do meu rosto,
"Quer ajuda? Temos diversos tipos de amor."
Queria mais uma garrafa do próprio, amor próprio
Ouvi dizer que pararam de fabricar
"Estou dando só uma olhada"

Olhei muito, vi corações presos
corações querendo a liberdade,
presos na submissão e na felicidade alheia
Vi corações comprando tipos de amor
quando ele só precisa de um
Clientes insatisfeitos.
Compraram na loja errada
esqueceram da loja que se chama
"eu"